quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo segundo capítulo

Dona Rodolpha está vendo televisão com a mão no queixo, quando de repente a põe no coração para exclamar o seguinte:

- Ai, o Brito! Como eu gosto do Brito!

O Brito é esse mesmo, o Brito Jr. da Record. Dona Rodolpha fica encantada ao perceber como este homem pode ser tão charmoso apesar de ser careca, ou em como esse homem pode ser tão careca apesar de ser charmoso. Não sei qual é a ordem, mas o encanto foi enorme. Brito estava comentando alguma coisa sobre qualquer assassinato quando lhe escapou uma risadinha.

Dona Rodolpha levantou-se abruptamente porque era preciso ir ao psicólogo. A primeira idéia era de ir ao psicólogo para procurar o melhor tratamento para o filho, o pederasta.

- Rodolpha?

- Sim, quem está falando comigo?

- Aqui é Deus, Rodolpha. Vim para lhe dizer que pederastia não é doença. Talvez a verdadeira doença seja achar que pederastia é doença. Ah! E me ouvir não é doença, não. Fique tranqüila.

A segunda idéia foi a de tratar a ela mesma, primeiro porque estava enlouquecendo por seu filho ser gay, depois porque estava ouvindo Deus com uma freqüência assustadora.

Imagens da cidade.

Dona Rodolpha na sala de espera, lendo a revista Caras.

- Senhora secretária, a senhora teria uma caneta para me emprestar, por favor?

A senhora secretária não emprestaria se soubesse que dona Rodolpha desenharia bigodes em todas as mulheres e cabelos compridos em todos os homens. Aquela Caras ficou toda invertida. Um escândalo.

- Dona Rodolpha Albuquerque!

Ela se encaminhou ao médico, o cumprimentou e mal o doutor fechou a porta, que dona Rodolpha foi logo falando.

- Gay, gay, gay, meu filho é gay! Ouviu? Gay! Ele é gay!

- Quem? O Lucinho? É gay?

- Gay! O Lúcio é gay, doutor! Meu filho é gay!

- Eu bem desconfiei quando vi a capa do jornal. Mas o que lhe traz aqui?

- Como o que me traz aqui, doutor?! Meu filho é gay! Ele precisa de tratamento urgente, pois está vindo ao Brasil!

- Quem precisa de tratamento é a senhora. A senhora está com depressão.

- Depressão, doutor? Não é depressão, não! É algo muito mais sério! Eu acho que é síndrome de down!

- Ah! - o doutor ri calmamente - síndrome de down, a senhora não tem. Deixe-me só conferir aqui. Não, não. Não é síndrome de down. Muitas pessoas confundem depressão com síndrome de down, querem mandar no doutor, dizer que é mesmo síndrome de down. Mas não é, Eu lhe garanto. A senhora tem depressão!

- Oh! - com a mão na boca - Me desculpe.

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