quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Entrevistas com lideranças - Michael Jackson

Não gosto de entrevistar sempre as mesmas pessoas.

Se entrevisto o Bush numa semana, na outra não posso entrevistar alguém como o Colin Powel. Porque eu veria naturalizados os discursos escabrosos dos americanos! Me acostumaria e, pior, até concordaria com o que eles dizem, de tanto ouvir a mesma coisa.

Essencial para uma boa entrevista é o estranhamento. Talvez por isso seja bom entrevistar pessoas estranhas.

Semana passada entrevistei Fidel Castro. Hoje, entrevisto sua antítese.

Muitos pensavam que a antítese de Fidel era o próprio Bush. Mas os dois são muito parecidos! Os dois foram presidentes, os dois mentem, os dois se acham o máximo, e os dois não hesitam em matar alguém para o bem do próprio país. A única diferença que sou obrigado a concordar é que um tem barba, e o outro, não.

A antítese de Fidel é Michael Jackson.

Simplesmente porque um permaneceu o mesmo por toda a vida, e o outro muda sempre! O leitor pode argumentar que um tem nariz e o outro, não. Mas isso é de uma maldade que prefiro dispensar.

Leia mais sobre o nariz no texto anexo.

Michael Jackson, por não ter nariz, pode ser considerado o ser mais humilde do planeta.

Comecei pelo Michael Jackson negro por uma simples questão cronológica. Nas próximas semanas, entrevisto o branco.

Sem pressa.

"E aí, Michael! Qual é a boa?"

Michael me olhou esquisito. Pedi para o tradutor repetir a questão e Michael disse que prefere não responder.

Tudo bem, pensei eu. A gente só precisa responder o que quiser. Senão entrevista vira uma ditadura do entrevistador.

Eu não recusaria uma ditadura do entrevistador. O problema é que causaria uma certa recusa dos próximos entrevistados.

"Michael, qual é a sua idade?"

Ele soltou um palavrão em inglês, que eu reconheci somente pelo tom de voz. Detesto inglês.

Perguntei ao tradutor se havia algum engano, ao que ele respondeu negativamente. Esquisito!

"Qual é sua música preferida?"

Michael se levantou e se retirou da sala.

O tradutor deixou escapar um pequeníssimo sorriso, com tamanho suficiente somente para se perceber maldade.

O tradutor me enganou! Eu perguntava uma coisa banal, e ele traduzia uma ofensa retumbante! Sabe-se lá o que foi que ele perguntou a Michael. Mas foi muito engraçado, e ele ganhou uma gorjeta generosa por tentar me sabotar.

E não conseguir.

Um comentário:

Caroline Oliveira disse...

Até o Tiririca escreve coisa mais relevante a respeito do Jackson.